É que há toda uma reciprocidade nesse meu sentimento de não compreender o mundo.
[Não vou lhes contar das lágrimas, porque aí já seria apelo.]
Eu quero um pouco de Clarice, um pouco de Hilda, um pouco de Ana C.
Eu quero um mix dentro de mim.
Eu não quero parar de escrever, nunca.
Eu vou ficar com os sonhos.
Os reais, é claro.
E vou acordar antes de todo mundo.
Antes de todo mundo dormir, às vezes.
Minha unha eu pinto negra que é pra compor o mistério.
Meus cabelos, naturalmente negros que é pra crerem: o mistério é de mim.
A pele branca, pálida que a frieza é um bom artifício.
Mas não acreditem, por favor.
Há tanto mais além das saias listradas.
Quase nada(ai, esse mistério forjado.)
Há tanto mais.
-Um pouco de exagero não é nada demais.
-Está triste, meu querido?Eu estou.Fiz besteiras pelo mundo.Nada tão grave, nada tão agudo.
[Ah, não.É claro que eu não me arrependi.]
Meus palitinhos empilhados, pedacinhos de madeira, o tom, meu ser de não ser, meu som.A morte, às vezes.Às vezes ela bate na porta.E vou eu, e vai você, vai Naíde e vai Ana C..Sinto saudades.Muitas saudades de não sei o quê.De não sei o quê que eu não vivi, provavelmente.Voltar pra minha terra.Pros meus amores.Meu pai disse assim:"Somos muito verdes quando jovens".Eu sou vermelha.Vermelho sangue.E tenho saudades.Assim como quem tem saudades de ter saudades.Aí eu tenho.
Um beijo em João.
Um beijo em Ana C.(quero te conhecer).
Um beijo em Cazuza.
Um beijo em Lua.
Um beijo na família.
Um beijo nos outros amores(...).
Um beijo em mim(porque eu to precisando).
Um beijo.
Um relampejo(tá relampejando nessa noite de chuva).
(De chuva...de chuva.)
(29.03.2005)