Claro.Claro.Mas eu acordei mal hoje.Não vi sol nem nuvem na janela vazia.Vomitei em jejum.Cantarolei uma música triste e saí.Disseram que eu estou triste agora.Sou triste?Cocei a cabeça.Bocejei.Joguei o vidro no chão.Não quebrou, só pra me aborrecer.Me aborreceu.Não o vidro, eu acho.Eu cantei de novo.Amanhã eu bebo.Dia sim, dia não.Me amo, me odeio.Corto mais o cabelo.Coitados dos meus pulsos.Tic tac tic tac.Será que nunca perceberam?É tic tic tic tic.Vou me jogar.Haha."Me atirei no pau do gato-to-tô..."Seus pudicos.Seus mediocres.Eu também.Porque lágrimas são clichês.Sou a favor das janelas abertas.Das pessoas no chão.Sou a favor das portas da percepção?Haha.Clichê também, admito.Comprem pintinhos.Tinjam seus pelinhos.Se divirtam.Se divirtam.Onde eu me deixei?Eu pegaria um metrô.Ele é amarelo?E que dor, que dor é essa, meu deus, que não tem cor?Pães, biscoitos, salgadinhos...Meu estômago não tem medidas.Não tem espaço.É labirinto.Não vou me perder.Tenho planos.Tenho jogos.Não vou me perder.Peguem as malas.Senhores passageiros, apertem os sintos.Tem bilhete pro céu?Eu esqueci meus óculos por lá.Agora não enxergo: nem as pessoas, nem as verdades.Quando tudo ficar mais claro, me avisam?Claro.Claro.