o que os olhos não veem,

o coração fica louco.

terça-feira, abril 20, 2010

 

carta.

O que de mais importante devo dizer é: não posso ficar com você agora. Essa é a melhor decisão pra mim e, tenho certeza, pra você também. Do jeito que estávamos, só colhíamos angústia e mágoa, que tendia a apagar os momentos bons. Momentos que eu quero e vou guardar.
Quero também, sinceramente, o seu bem. Quero que você consiga ser mais feliz, "se revolucionar", como você diz. Acredito completamente nessa possibilidade, porque está nas suas mãos. Não vejo você como um monstro e nem a mim como uma santa, somos só duas pessoas com defeitos, falhas, fraquezas e culpas (não deixe esta última pesar tanto).
E assim sendo, posso dizer que eu não desisti de você, não lhe abandonei, não lhe deixei. Eu apenas olhei pra mim mesma por um segundo e vi alguém que também precisava de ajuda, de algum carinho, de algum cuidado.
Eu estava tentando acalentar você e, no entanto, estava esquecendo de mim, me desrespeitando (e eu acho que a idéia de se amar primeiro para depois amar "ao próximo" é válida). Que adiantava tentar lhe amparar se eu mesma estava caindo de um abismo? Estávamos apenas somando nossas dores, nossas quedas.
É como numa viagem de avião. A regra não é que em caso de imprevistos deve-se colocar a máscara de oxigênio primeiro em si mesmo pra somente depois ajudar outréns? Alguma parte da vida funciona da mesma forma.
A ilusão, muito mais minha do que sua, foi achar que a sua força de vontade era o suficiente para mudar suas atitudes de imediato. E não era, faltava o acréscimo do tempo. Essas coisas levam tempo. Então, quanto às decepções desses dias que se seguiram àquelas revelações, provavelmente eu me culpo muito mais do que lhe culpo. Me culpo porque sinto que de alguma forma você tentou me dizer que eu não devia permanecer ao seu lado depois de tudo. Ainda que não fosse esse seu desejo, quando você dizia que "ia sentir minha falta", era sua forma de dizer que sabia que eu estava fazendo a coisa certa em me afastar e, no entanto, eu não quis ler esse sinal e não fui forte o suficiente para manter-me na minha decisão. Você também não foi, claro: sempre me recebeu de volta.
Mas, o último final de semana me deu um estalo. Foram tantas surpresas que eu nem soube como reagir. Acho que o que mais pesou foi, metaforicamente, um corte por cima de outro corte que ainda nem havia estancado. Digo, me desapontei na Sexta e antes mesmo de sentir que eu havia relevado aquilo, me desapontei novamente no Domingo (normalmente havia uma pausa). Portanto, naquele final de semana eu percebi que o que me aguardava dali em diante, pelo menos por algum tempo, era isso, essa "eterna" sensação de desapontamento, e não agüentei.
Que fique claro: eu posso sim compreender e "perdoar" tais desapontamentos, eu só não posso deixar que aconteçam de novo.
Entendo essa sua visão dramática de achar que sou a única que pode lhe dar conforto, que sou a única que acreditou, que ficou do seu lado. Mas espero que tenha alguma parte de você que saiba que isso não é verdade. Que dói, que fere, que mata até, um pouco, mas passa. E que vem tanta coisa...tanta coisa ainda, tanta coisa boa. Acredite, esse tratamento vai fazer sentido de uma forma ou de outra.
Eu, apesar de tudo, sinto felicidade por ter compartilhado esses meses com você. Por ter conhecido um pedacinho de você, do seu mundo, sua história. Fez todo o sentido. Mesmo sem grandes construções sólidas, trocamos e isso foi lindo. Então, não vamos pensar no que não foi, no que era pra ter sido, vamos apenas pensar nisso. No que foi de fato, no que nos significou. O resto é resto. O resto ou é a ilusão sobre o que passou ou é a pureza do que ainda está por vir. Deixemos vir.

De quem se quer bem,
De quem te quer muito bem,

Maíra.

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